Nem dá pra reclamar plenamente da parada porque me deu, afinal de contas, um bom motivo pra atualizar o blog.
É o seguinte. Lembra de O Mentiroso, o filme de 1997 em que o Jim Carrey interpretava um advogado subitamente impedido de mentir por motivos mágicos?
Então, a Paris Filmes definitivamente lembra, e suponho que ela espera que nós não. Se liga no trailer de O Candidato Honesto:
Sabe quando você leva um amigo seu pra conhecer um círculo social tangente, e o rapaz começa a fazer alguma mongolice lamentável, te deixando com uma cara similar a essa?
Então. Foi com exatamente essa cara que eu vi aquele trailer, tamanha é a vergonha de uma cópia tão descarada.
Basicamente, eles pegaram a premissa de um sujeito que construiu uma carreira com mentiras e se vê obrigado a contar apenas verdades, por causa do desejo de alguém.
Se você fosse parar pra apontar o dedo berrando NÃO É ORIGINAL!!!! quando o assunto é cinema, você ia cansar rapidinho e ir fazer alguma outra coisa. Arquetipos, progressões de trama e tropes de forma geral são reutilizados liberalmente em Hollywood, muito similar àquele seu hábito de usar a camiseta, tirar e jogar no chão, depois vestir de novo, e de novo, no máximo se submetendo a dar uma cheiradinha antes pra analisar a condição.
O problema é que tem filmes com temáticas similares (Matrix e Inception ambos lidam com realidades simuladas, por exemplo), e tem a cópia descarada da premissa da história. O Candidato Honesto cai sem perdão nessa segunda categoria.
Porra mano, até as caras e bocas do Carrey o tal Leandro Hassum emula. Aos que sugeririam que o ator “já faz essas coisas tem tempo e é inclusive conhecido por isso”, isso não é um ponto positivo que defenda O Candidato Honesto da crítica de plágio: fica aí então mais óbvia a escolha do sujeito. Quem melhor pra servir como Jim Carrey tupiniquim neste O Mentiroso made in Brazil do que um ator conhecido pelo seu humor físico/expressões faciais?
Eu tenho a coragem de apostar que o filme vai ter uma cena EXATAMENTE igual a essa. Igualzinha. O cara chega, esculacha um grupo sendo obrigado a falar a verdade (e achando que vai se foder por isso), e no final sai por cima. Eu GA RAN TO pra você que o filme vai ter essa cena, e suspeito aliás que não apenas uma.
Olha só, eu vou até dar o braço ao torcer que o próprio O Mentiroso não se apoiava em um roteiro completamente original — aquele velho conflito do pai workaholic que não dá atenção pra família (e no final aprende a ser um homem melhor) é manjada até não poder mais. E até admito abertamente que a idéia de um sujeito que construiu uma carreira com base em mentiras se ver subitamente incapacitado de mentir funciona infinitamente melhor no contexto de política. Em O Mentiroso, a trama era simplesmente um único caso que o cara ganha justamente por contar a verdade a despeito das consequências disso pro próprio cliente, e se reconciliar com a família.
A mesma premissa transplantada pra uma capital nacional, por outro lado, tem ramificações bem mais abrangentes, e por isso acho muito mais interessante.
O problema é que essa porra tá bebendo TANTO da fonte d’O Mentiroso, que eu aposto que o filme se resume a isso que vimos no trailer, somado a algum “sucesso” adquirido acidentalmente por falar só a verdade (igual o Fletcher Reed), e finalmente o arco se fecha com o cara aprendendo alguma importante lição e sendo um sujeito melhor.
E pior: no trailer — onde geralmente mostram os MELHORES momentos do filme — usaram não uma, mas duas (DUAS!) piadas Praça é Nossísticamente previsíveis de switcharoo (o sujeito fala algo, o interlocutor fala “Você está se referindo a A, né?”, ao que o outro responde “não, B!”) que vieram diretamente da cartilha de piadinhas de tio metido a humorista.
No momento EXATO que o cara que contracena com o Leandro Hassum na última cena do trailer fala “Ô João, político não tem isso não, João“, vai me dizer que você não sabia exatamente como seria o resto do diálogo…?
Tangente a isso, tenho outra pergunta:
Por que o frame de créditos de todo filme nacional parece um macacão de Fórmula 1? Se você precisa de uma prova do ditado popular que “muitos cozinheiros estragam a sopa”, aí está.

Será que vai ter ‘a garra’?
Se tiver “a garra” é confissão total do plágio
eu acho que vi “a garra” lá no 1:34 min.
Verdade! Cacilds.
Vi no outro dia o trailer e não dei uma risada sequer,
além de copiado achei muito fraco.
Poxa Kid, até parece que nunca viu filme nacional. No início são 10 minutos só mostrando os patrocinadores: “Produção… Apoio… Realização… Patrocínio… Incentivo…” e etc..
Lendo o título eu pensei, “ahh, maneiro, po!”. Achei que seria realmente um remake do O Mentiroso feito em outro país, igual fizeram com The Office e O Chamado…
Mas… descaradamente um filme maquiado, só pra não precisar dividir os lucros com os roteristas originais. E pqp, que bando de piada xôxa no trailer. Um bando de roteirista sem graça que com certeza acha a Praça é Nossa o pináculo da televisão brasileira. pff.
Fiquei sabendo desse futuro filme por um colega de trabalho que já o descreveu exatamente como “O Mentiroso, mas com um político”. E eu não me surpreendi nenhum pouco porque o cinema nacional já tem uma boa cota de estranhas coincidências com premissas de comédias americanas, tipo Se Eu Fosse Você (que é “Freaky Friday” com parentes diferentes) e Eu Odeio o Dia Dos Namorados (que parece uma amálgama de 90% das comédias românticas já feitas).
E quanto aos créditos, rapaz, se você nunca viu um filme nacional desde Central do Brasil, é assim mesmo. Suspeito que se não tiver patrocínio de no mínimo 3 telas de empresas e fundações não dá pra comprar nem efeitos especiais de tela verde estilo Chapolim. 😛
Os créditos dos filmes brasileiros tem tantos patrocinadores por causa da lei Rouanet:
O estado brasileiro usa dinheiro dos impostos para financiar filmes, ao invés de cuidar do que os estados decentes deveriam cuidar: Segurança, Justiça, Defesa, Saúde e Educação.
Excelente lembrança. Filme brasileiro só serve para artistas e diretores conseguirem uma verbinha pública e empresários poderem deixar de declarar imposto de renda.
Sérgio Rouanet deve estar tão desgostoso de ver o que a lei que recebe o nome dele se transformou.
Esse Leandro Hassum é escroto demais, ele acha que gritar é humor.
Sempre me fez a mesma pergunta. Todo filme nacional esta cheio de patrocinio e produtores. Parece que foram pegando dinheiro de grão em grão até encher o bico.
Bom, a minha religião me proíbe de assistir a filmes brasileiros. Especialmente quando é filme brasileiro feito nos estúdios Globo e por artistas da Globo. Então, creio que eu não vou perder nada.
Quando vi eu pnsei EXATAMENTE isso: “ué, conheço isso”. Dureza.
Deve ser merda líquida, como todo filme nacional patrocinado por meio mundo. Aliás neste quesito (não apenas neste claro, mas especialmente neste) o filme “@ Coelhos” foi extremamente feliz, pois não há UM logo de qualquer patrocinador no início. Apenas a produtora e a distribuidora, como todo bom filme.
“2 Coelhos”, “2 Coelhos”, foi malz.
Eu gostei da ideia =/
E foda-se se foi chupado
Vergonha alheia.
Eu não consigo achar o Leandro Hassum engraçado, mas ele parecer ser gente boa.
Prefiro as Branquelas, o melhor filme de comédia do planeta.
Eu não consigo achar o Leandro Hassum engraçado, mas ele parecer ser gente boa.
Só não entendi a parte que diz que os patrocinadores “estragam a sopa”. Hollywood faz a mesma coisa, a unica diferença é que ela coloca os estudios principais no inicio, e os patrocinadores/financiadores no fim.
Porque você pelo jeito não está familiarizado com o processo cinematográfico brasileiro. Trust me: é uma bagunça doida.
Filme pra ver com a família e dar aquelas risadas compartilhadas, só isso.
Izzy, só pra constar: o Leandro Hassum deu uma entrevista outro dia e disse que a ideia desse filme era mesmo ser uma versão brasileira de “O Mentiroso”.
Inclusive, ele chama o público para ver o filme se utilizando exatamente desta definição: uma versão brasileira de “O Mentiroso”.
Eu, acho na maioria das vezes, filmes brasileros meio bosta…
Oi, fiz um vídeo falando sobre ‘Humorista sem graça’ da uma olhada la " rel="nofollow">
Olá Izzy, ótimo post e concordo com tudo o que tu disse, realmente é um plágio descarado. Contudo não venho falar sobre isso, mas sobre a ultima parte do seu post, onde você fala sobre a parte dos créditos. Acho que já deve saber, e é bem ridículo o motivo na verdade. O Rapaduracast 336 explica sobre isso, que é; basicamente no Brasil pra se fazer um filme você depende TOTALMENTE dos patrocinadores, é muito mais complicado que lá fora, como tudo no Brasil é sempre mais complicado. Mas é isso, achei válido contribuir com alguma coisa. Acompanho sempre teu trabalho, e curto muito. Valeu!